Rede sustentável

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Um programa de logística reversa que envolva as consultoras ainda é um desafio para o mercado de venda direta. A Natura já fez testes a esse respeito no passado e segue pensando em formas para envolver de forma mais efetiva as consultoras nesse processo. Durante um evento sobre sustentabilidade na B3 - a bolsa de valores de São Paulo - Atualidade Cosmética conversou com Keyvan Macedo (foto), gerente Sênior de Sustentabilidade da empresa de venda direta.


Vocês têm algum estudo de no médio e longo prazo, instituir a logística reversa em parceria com as consultoras?
Estudamos isso no passado e estamos inventando agora um modelo sobre como a gente pode aproveitar - seja com o consumidor final ou através da consultoria - fazer esta devolutiva. Nós fizemos um piloto na cidade de Recife há cinco anos. Ele mostrou algumas dificuldades, especialmente nos grandes centros verticalizados, já que os condomínios estão proibindo os moradores de deixarem uma mercadoria para ser retirada na portaria do prédio, diferente do que acontece com a mercadoria que vem de fora para dentro.
Outro ponto, há dois anos a Natura tomou a decisão de começar a abrir lojas próprias. Estamos trabalhando agora num projeto no qual as lojas façam não só a captação dos resíduos - tenha o consumidor comprado o produto na loja ou não -, mas como também estabelece um incentivo para ele trazer a embalagem do produto usado. Nas lojas, basicamente, a gente faz duas janelas de entrega por semana e o que facilita essa devolução é ter a mesma malha logística.

Mas isso nas lojas próprias. Existe algum plano em relação ao "Aqui tem Natura", o programa de varejo das consultoras?
Esse é um projeto que está para o segundo semestre. Ele traz uma complexidade um pouco maior, até pela quantidade de pontos e porque existe um sistema de distribuição um pouco mais diferenciado. Então é um desafio, mas o consumidor tem pedido. Obviamente a Natura tem de diferencial do refil, que ajuda a minimizar a geração de resíduos, mas o que é demandado a gente voltar (para fazer a logística reversa). E, até porque a gente usa material reciclado pós-consumo em parte das embalagens, é até interessante a gente ter mais uma fonte de captação deste material. 

Ainda na questão da sustentabilidade, mas migrando para a questão dos ingredientes e ao uso da terra. A Natura tem todo um trabalho de manejo ambiental para a extração das matérias-primas da Amazônia. A biovegetalização desses ingredientes pode ser uma alternativa para minimizar o impacto ambiental. Em linhas muito gerais, o que vocês pensam disso?
Acho que tem dois pontos. A Natura, principalmente na região amazônica, trabalha com comunidades ribeirinhas. Toda vez que a gente desenvolve um novo ativo numa comunidade, buscamos garantir que realmente o manejo - principalmente aquilo que é extrativismo - seja sustentável, não só no seu processo, mas que mantenha a cadeia alimentar integrada àquela região e que possa favorecer, até mesmo, a regeneração natural. O outro lado é quando a gente une natureza com ciência e tecnologia. Como podemos utilizar a biotecnologia para, a partir da extração de alguns ativos, fazer a multiplicação para novas matérias-primas? O que de certa forma demandaria uma menor quantidade de insumos. Outro aspecto ainda e que a gente tem aprendido em uma realidade econômica difícil na empresa, que é a de saber que a nós temos que respeitar o ciclo da natureza e que a safra é limitada. Portanto, nós teremos edições limitadas e comunicando aos nossos consumidores que quando acaba um lote, ele vai ter que esperar a próxima safra. A biotecnologia ainda favoreceria manter o lado social, já que as comunidades ainda trabalhariam na coleta das sementes e a partir dessas sementes, desenvolver novos ativos ou potencializar novos ativos.
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