O destino da loja física de cosméticos

O destino da loja física de cosméticos

Vários de nós passamos o último ano indagando e investigando as mudanças do varejo, do comportamento do consumidor, das mentalidades emocionais, e buscando novos horizontes para saber como seria a nova (e ideal) loja física. Pois, por vários momentos, pareceu que o mundo todo saia do eixo, e com ele todo o varejo. Foi dolorido, até assumir que teríamos que entender e agir diante do destino: o varejo está sendo reinventado. Omnicanal, experimental, compartilhável, ou seja lá quais forem as opções da construção da futura loja, está claro que o varejo caminha para um renascimento. 

E, agora, nós – arquitetos especializados varejo que pensamos, projetamos e idealizamos o dia a dia do varejo físico, - temos o papel de assumir o ponto de vista das marcas que cuidamos e desenvolver estratégias e conceitos de varejo em busca da presença física do cliente, e que as ações falem alto diante de uma indústria da beleza que está em constante mudança e crescente competição. E com o crescimento do comércio eletrônico, que a loja física crie atrativos, vá além do ambiente aprazível, promova experiências memoráveis e sensoriais, com revelações e um despertar de emoções incomparável e inconfundível com a identidade da marca e seus valores, onde o importante é envolver de tamanha forma o cliente que ele mal possa esperar para voltar. 

Diante desse imenso desafio, após muitas reflexões, nós da Kube Arquitetura já temos uma boa certeza de para onde a loja física vai se dirigir. Apontamos bases que devem ser os principais impulsionadores emocionais e comportamentais e a maneira como remodelarão o cenário do varejo de beleza. 

Flexível, modular e autoportante  -- Espaço de varejo com adaptação e ajuste rápidos, tanto no ambiente, como nos serviços e produtos. Com estruturas e equipamentos que facilmente podem ser movidos e transformados, que oferecem uma série de possibilidades de configuração. Exemplos: expositores que podem hospedar uma variedade de funções; e móveis com rodízios, para facilitar o rearranjo.  Flexível a ponto de tirar um equipamento de encaixe de qualquer lugar na loja e instalá-lo em outro lugar na mesma loja ou até mesmo levá-lo para um outro PDV. Em permanente evolução. Este é um modelo de serviço que pode se organizar rapidamente para as necessidades, quer seja eventos, animações, desfiles, e porque não, uma loja.

Conveniência e alta tecnologia -- Varejo integrado e omnicanal, com os princípios: velocidade, conveniência e suporte ao consumidor. A integração de serviço com produto, e fisico com digital. Oferece experiências personalizadas de compartilhamento de conhecimento (ressalta-se que no setor de cosméticos, a experimentação física do produto com curadoria tem importante diferencial no aumento de vendas por impulso). A loja deve estar cada vez mais perto do cliente, com o atendimento de especialistas, alta tecnologia, que ofereça suporte 24hs/dia, 7 dias/semana, online e offline, antes, durante e após a visita do cliente, sem atritos. 

Hub de Comunidade -  Quando a loja física se transforma um Ponto de Encontro, onde o branding, marketing e a arquitetura têm um importante papel. Uma loja que vá além de vender produtos, que ofereça beneficios, ações memoráveis e serviços educativos, além de promover uma experiência concisa da marca, acompanhada de seu propósito. Um modelo de varejo que leva à comunidade o que ela precisa e o que ela deseja, onde a loja se configura como um ponto de encontro por amantes de... cosméticos, por exemplo. 

Vale um parentêses para a eventização em lojas através de cursos e workshops para promoção de conhecimento, algo crescente e que, cada vez mais, fará parte da experiência básica, conectando clientes ao propósito da marca. Ensinar o cliente como tirar maior proveito de determinado produto ou até mesmo explicar a ele a relevância de um lifting para o seu bem-estar. Isso é tão latente que há lojas pop up (temporárias) sendo construídas só para o lançamento de uma linha de produtos, como é a Helena Rubinstein em Macau, no lançamento da Black Bandage Discovery. 

Momentos de encantamento -- Momentos de recarga, recuperação e reengajamento. Um design sensorial para promover o engajamento emocional do cliente com a marca, combinado com uma arquitetura vendedora e enriquecedora, para permitir que o consumidor se sinta bem recebido, em uma momento prazeroso. É a criação de um oásis imaginário, que conecta marca ao consumidor emocionalmente, na qual o uso de tecnologias como Realidade Aumentada e Realidade Virtual pode e deve ser amplamente usado, mas nada substitui o presencial, sensorial, toque humano. Quanto mais high tech, mais high touch a loja deve ser.

Mas tudo isso só faz sentido se o projeto estratégico da loja (a casa da marca) está relacionado a quem ela é e ao que ela faz para impactar positivamente a comunidade ao seu redor. É com essa fórmula que se consegue a magia de se criar uma marca duradoura, onde o PDV se transforma em PDE: um envolvente e engajador Ponto de Encontro e Experiência.

Juliana Neves – arquiteta, é sócia-diretora da Kube Arquitetura, escritório que há mais de 15 anos é especializado em arquitetura comercial, com ênfase em projetos para todos os sentidos. É também vice-presidente da ABIESV, professora da IED Rio/PUC e palestrante do Sebrae. A Kube assina os projetos das lojas mais estratégicas da Natura.

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